segunda-feira, outubro 22, 2012

(Nas águas de Alice Ruiz)



O arbusto bonsai
Queria ser um soneto
Mas virou haikai

Costumes



Ser falso, é de artista
O que é mau
É ser mesmo moralista

APRESENTAÇÃO



Ora pois, sou português
Também sou português
Sem contar do bisavô
E da Língua Materna
Sou português do passado
Das coisas que me cercam
Da rua Cascais, na Penha Circular
Da praça Antero de Quental, no Leblon
Do Calouste Gulbenkien, na Praça Onze
Sou português das piadas… de português
Dos portugas das quitandas
Às dúzias por freguesia
Sou mais português
Que “seu” Manel motorista
Que torcia pelo Flamengo
Eu sou do Vasco da Gama
Mesmo usando o Tu erroneamente
E o Você sem cerimónia
Ainda assim, sou português
Não do o, pá! mas do ôpa!
Mulatas
Do Conto da Carochinha
De Camões, José Régio e Pessoa
Bocage, nem se fala
De Nara Leão cantando Grândola
Do bacalhau, só na Semana Santa
Do azeite, contado em gotas
E, do vinho, de ouvir falar
Não português trampolim europeu
Mas dos amigos
Tantos como tanto é o mar
Assim como acreano, suíço, africano
Chaplinianamente, do mundo, cidadão
Assim como brasileiro
Sou português do coração.

TERCETO



As montanhas paradas
Lembram-me a mim
Que estou só de passagem.

Compulsividade



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TOCTOC TOCTOC TOCTOC TOC
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Essa obsessão me mata