domingo, abril 12, 2020
Camané no Tejo bar
Quando o fadista Camané entrou no
Tejo bar, que ainda não conhecia, era madrugada. Todas as casas de fado de já
estavam fechadas e... música, só naqueles poucos metros quadrados bem
escondidos em um falso beco de Alfama. A canção que se ouvia no momento era
Lili Marlene, cantada em uníssono por pelo menos quinze línguas diferentes. De
pé, no centro da sala, o artista olhava para todos os lados sem perceber bem o
que estava acontecendo. Assim continuou por um bom tempo enquanto outras
melodias eram cantadas, mas que, ainda que em português, com acentos estrangeiros
e regionais. Ele próprio trauteou uma das mais conhecidas. O Fadista Vadio,
Jorge Costa, cantou o Palhaço Sem Futuro, como fazia todas as noites, mas com
denotada dedicação ao inesperado visitante. As esquizofrenias musicais e
poéticas se sucediam. Camané ficou tão impressionado que escolheu Tejo bar como
uma de suas propostas para reportagem da revista Time Out Lisboa.
quinta-feira, abril 09, 2020
Dona Presépia, nosso Mecenas
A ajuda que a magnânima
admiradora de nossas brincadeiras artísticas nos ofereceu para a publicação do
livro Carmeliana foi tão generosa que deu ainda para publicar o livro O Amor
Inexato, do amigo Vital Filho e sobrou para o material da exposição Café
Revistinha, cuja renda foi para publicar o livro Nem Sábio Nem Sabiá, do poeta
Marcos Flávio. E só agora raspamos o fundo do tacho para a inscrição no Prêmio
Jabuti. Bem haja a nossa anônima patrocinadora.
Esse é um caso raro de
alguém que pede anonimato ao praticar um ato filantrópico e ainda assim podemos
citar o seu nome. Isto porque ninguém conhece a senhora Presépia pelo nome de batismo,
dado pelo pai, do qual ela se libertou assim que terminou a escola. Ela é conhecida
por um carinhoso diminutivo e socialmente não tem nada que a ligue ao seu nome
verdadeiro. A zanga com o pai custou muito a se dissipar. Ela conta que o pai
gostava de batizar os filhos com nomes alusivos à data do nascimento. Assim foi
com o irmão mais velho, Antonino, que nasceu no dia de Santo Antônio; com as
irmãs Isabelina e Pasqualina. Ela nasceu no Natal. Seria Natalina se não fosse
a implicância que o pai tinha com uma parenta com esse nome. Poderia ter
escolhido Natália ou Noélia, mas não, como ela própria diz: “Deu-me uma cruz da
Paixão”. E aconselha: “Há que se refletir bem ao dar nomes aos filhos.”
segunda-feira, abril 06, 2020
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