quarta-feira, maio 21, 2014

Os Direitos da Criança

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA

Artigo Primeiro
Não importa uma pessoa
Ser branca, preta, amarela
Azul, verde... outra qualquer
Nem se é homem ou se é mulher
Tampouco a religião
Que, se não tem, não importa
O país que ela nasceu
Também não tem importância
Todo mundo tem direitos
E o direito das pessoas
Tem mais que ser respeitado
A criança é uma pessoa
Por ser mais frágil que as outras
Mais direitos tem ainda
Senão, o mundo está errado

Artigo Segundo
A criança tem que ser
Sempre muito protegida
E ter oportunidades
De viver u’a boa vida
De crescer com liberdade
Também bastante saúde
E muita dignidade

Artigo Terceiro
Um direito da criança
Bem simples: é ter um nome
E de pertencer a um
Determinado país
Assim o Terceiro Artigo
Da Declaração, nos diz

Artigo Quarto
A criança deve ter
Um bom lugar p’ra morar
Também, assistência médica
Tempo e lugar p’ra brincar

Artigo Quinto
Se ela for deficiente
Tem direito a tratamento
Educação e a, ainda mais
Cuidados especiais

Artigo Sexto
A criança tem direito
De ser amada e cuidada
De se sentir bem segura
Tendo sempre a preferência
Da companhia dos pais
Este Artigo é bom demais

Artigo Sétimo
A criança tem que ter
Direito a desenvolver
Todas suas qualidades
E, para isso, ela tem
Direito à educação
E, igual direito, ao brinquedo
Para aprender sem ter medo

Artigo Oitavo
Caso haja um sinistro
Pelo seu direito à vida
A criança deve ser
A primeira socorrida

Artigo Nono
A criança deve ser
Sempre e bem protegida
Contra qualquer crueldade
A carência de interesse
Os maus tratos, a maldade

Artigo Décimo
É dever de todo adulto
Proteger bem a criança
De qualquer dos preconceitos
De raça ou religião
Está na Declaração
Que ela precisa viver
Num ambiente de paz
E muito boa vontade
Em um mundo de igualdade



Rio Branco, 1979, Ano Internacional da Criança

sábado, maio 10, 2014

MANEZIM RODRIGUES

Manezim Rodrigues. ‘Seu’ Manezinho. Manuel Rodrigues de Oliveira (que é nome de uma escola), ‘Seu’ Mané Rodrigues. Manezim Rodrigues era médico sem nunca ter ido à faculdade. A única vez que entrou numa escola, foi na inauguração da que lhe deram o nome. Pequena homenagem pelos serviços prestados à comunidade pugnando pela saúde e educação públicas. Único parteiro num raio de muitas léguas, quantas vezes era chamado de madrugada. Lá ia seu Manezinho com o burro Dourado. Paletó em uma só manga vestido e o braço descoberto puxando o Dourado, burro manso que vi montado por ele uma só vez, para fotografia. Nunca percebi o por quê de arrear o burro e levá-lo, se nunca montava. Para servir de companhia no sobe e desce serra em trilhos mal batidos na mata ou para servir de ambulância caso o problema da paciente exigisse deslocação. Para transportar as compras que fazia no retorno, não era, pois muitas vezes o vi chegando em casa com os sacos de mantimentos sobre o ombro vestido pelo paletó. Poderia ser para que o burro o conduzisse ao caminho de casa quando tomava uma carraspana na venda ou em algum velório ou festa de batizado ou outras a que era chamado pois esses convites eram uma maneira de retribuir os serviços prestados sempre de graça e, também porque todos gostavam de ter Manezim à mesa. Anedotas, boas histórias, tantos causos! Coisas que vivia e que lia em extensa biblioteca incomum para uma casa camponesa: Livros de plantas em várias línguas; compêndios de medicina; revistas atualizadas levadas por um filho que morava na cidade; enciclopédias; alguns romances; uma Bíblia e, bem velhinha, já sem uso, uma cartilha carcomida pelo tempo e pelas traças. Um copo de cerveja e dois dedos de conversa era o prazer só comparado ao de ver o pequeno cafezal florescer. Comer também era um prazer. Entre um turno e outro da capina, eram de duas a três horas à mesa onde reinava soberano o prato de caldo de feijão. A sesta tirada e, a enxada na mão outra vez. Enxada que manejava com a mesma destreza com que utilizava o seu bisturi, um canivete que trazia sempre afiado e que lancetava os nosos furúnculos, tirava os bernes do gado e, façanha maior, abriu o peito de um colono no portão do terreiro da casa para bombear a aorta. Daí, os dois dedos de prosa muitas vezes entrarem pela madrugada e a cerveja não ser uma só. Para ilustrar melhor seu Manezim, vou contar um caso:
A festa no arraial da fazenda vizinha ia animada. No terreiro, a sanfona não parava e os pares só largavam a dança quando a carne já estava no ponto. Muita comida e muita bebida. à varanda, Manezim Rodrigues sorvia uma cerveja com a calma que sempre o acompanhou, pois tinha tempo para tudo. Um gole, uma anedota. Outro gole, um causo. Eis que chega um rapaz esbaforido pedindo socorro, nervoso, agitado. “Seu Manezim, teve uma briga lá atrás. Seu Manezim, corre, meu irmão foi esfaqueado! Depressa!” Seu Manezim pegou um guardanapo de pano, entregou ao rapaz e disse:
- Vai lá e embebeda este pano no sangue e traz de volta.
Os poucos que não foram ver a confusão e ficaram na varanda, olhavam para ele impressionados  com tamanha calma e sem perceberem a intenção daquela atitude tão inusitada. O rapaz voltou, a correr, e lhe entregou o pano manchado. O senhor Manuel Rodrigues de Oliveira olhou bem o pano quase a cheirá-lo, pousou-o tranquilamente na mesa, pegou a caneca e disse, nas calmas:

- É sangue venoso. Há tempo para terminar esta cerveja.”

Desejo de mãe



Selecionado para fazer parte da antologia "Prêmio Nacional de Artes da Estância Turística de Tupã - 2014 4º Festival de Literatura"

Há muito que eu não me lembrava mais deste poema, porém o animador cultural, Paulo Nascimento, resgatou-o em encenações no Theatro Hélio Melo.