domingo, abril 12, 2020

Camané no Tejo bar

Quando o fadista Camané entrou no Tejo bar, que ainda não conhecia, era madrugada. Todas as casas de fado de já estavam fechadas e... música, só naqueles poucos metros quadrados bem escondidos em um falso beco de Alfama. A canção que se ouvia no momento era Lili Marlene, cantada em uníssono por pelo menos quinze línguas diferentes. De pé, no centro da sala, o artista olhava para todos os lados sem perceber bem o que estava acontecendo. Assim continuou por um bom tempo enquanto outras melodias eram cantadas, mas que, ainda que em português, com acentos estrangeiros e regionais. Ele próprio trauteou uma das mais conhecidas. O Fadista Vadio, Jorge Costa, cantou o Palhaço Sem Futuro, como fazia todas as noites, mas com denotada dedicação ao inesperado visitante. As esquizofrenias musicais e poéticas se sucediam. Camané ficou tão impressionado que escolheu Tejo bar como uma de suas propostas para reportagem da revista Time Out Lisboa.



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