Se não
fosse o amigo Vitor falar-me sobre sua mãe, a Emília que, como ele diz, “não
lia uma linha, nem escrevia um comboio”, mas sabia todas as receitas de cor,de
tantas coisas boas que transmitia oralmente possibilitando assim que, hoje, ele
possa imiscuir no trabalho da equipa da cozinha de seu restaurante, o Bem me
quer Mal me quer e, mesmo com todo o brio profissional da Dona Rosa e o
Vladimir aceitas suas opiniões, pois sabem que quem diz é quem bem ouviu, donde
concluí, em pensamento que saber ler e escrever era somente para passar a
receita à distância no tempo ou espaço... Ah! Se não fosse a história da Dona
Emília eu estaria incorrendo na injustiça da memória que até então só lembrava
da minha avó Sinhazinha, Dona Sinhá, de nome Felicidade e que me criou até a
idade escolar,apenas porque ralhava muito comigo e porque fazia uns biscoitos
de polvilho que tinha o nome de brevidade e que, iguais, nunca vi em sítio
algum por onde andei. E, mea culpa,
eu que até já me alimentei de livros que escrevia e vendia de mão em mão, de
auferir alguns prêmios literários e que no momento escrevo mais um, meã máxima culpa, não me recordava de
que foi ela quem me ensinou a ler e
escrever e muitas das ralhas era para que eu pegasse direito na pena de pato ou
que mantivesse o padrão do caderno de caligrafia e, fazer bem para depois comer
brevidade.
Em tempo:
Saber escrever é só para passar a receita. A arte de fazer é outra história.