domingo, agosto 17, 2014

TAPROBANADAS

TAPROBANADAS

Do nascimento até a morte
Uso sempre o GPS
Um Golpe de Pura Sorte


Taprobanada, minha versão para serendipidade (do inglês, serendipity).

quarta-feira, maio 21, 2014

Os Direitos da Criança

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA

Artigo Primeiro
Não importa uma pessoa
Ser branca, preta, amarela
Azul, verde... outra qualquer
Nem se é homem ou se é mulher
Tampouco a religião
Que, se não tem, não importa
O país que ela nasceu
Também não tem importância
Todo mundo tem direitos
E o direito das pessoas
Tem mais que ser respeitado
A criança é uma pessoa
Por ser mais frágil que as outras
Mais direitos tem ainda
Senão, o mundo está errado

Artigo Segundo
A criança tem que ser
Sempre muito protegida
E ter oportunidades
De viver u’a boa vida
De crescer com liberdade
Também bastante saúde
E muita dignidade

Artigo Terceiro
Um direito da criança
Bem simples: é ter um nome
E de pertencer a um
Determinado país
Assim o Terceiro Artigo
Da Declaração, nos diz

Artigo Quarto
A criança deve ter
Um bom lugar p’ra morar
Também, assistência médica
Tempo e lugar p’ra brincar

Artigo Quinto
Se ela for deficiente
Tem direito a tratamento
Educação e a, ainda mais
Cuidados especiais

Artigo Sexto
A criança tem direito
De ser amada e cuidada
De se sentir bem segura
Tendo sempre a preferência
Da companhia dos pais
Este Artigo é bom demais

Artigo Sétimo
A criança tem que ter
Direito a desenvolver
Todas suas qualidades
E, para isso, ela tem
Direito à educação
E, igual direito, ao brinquedo
Para aprender sem ter medo

Artigo Oitavo
Caso haja um sinistro
Pelo seu direito à vida
A criança deve ser
A primeira socorrida

Artigo Nono
A criança deve ser
Sempre e bem protegida
Contra qualquer crueldade
A carência de interesse
Os maus tratos, a maldade

Artigo Décimo
É dever de todo adulto
Proteger bem a criança
De qualquer dos preconceitos
De raça ou religião
Está na Declaração
Que ela precisa viver
Num ambiente de paz
E muito boa vontade
Em um mundo de igualdade



Rio Branco, 1979, Ano Internacional da Criança

sábado, maio 10, 2014

MANEZIM RODRIGUES

Manezim Rodrigues. ‘Seu’ Manezinho. Manuel Rodrigues de Oliveira (que é nome de uma escola), ‘Seu’ Mané Rodrigues. Manezim Rodrigues era médico sem nunca ter ido à faculdade. A única vez que entrou numa escola, foi na inauguração da que lhe deram o nome. Pequena homenagem pelos serviços prestados à comunidade pugnando pela saúde e educação públicas. Único parteiro num raio de muitas léguas, quantas vezes era chamado de madrugada. Lá ia seu Manezinho com o burro Dourado. Paletó em uma só manga vestido e o braço descoberto puxando o Dourado, burro manso que vi montado por ele uma só vez, para fotografia. Nunca percebi o por quê de arrear o burro e levá-lo, se nunca montava. Para servir de companhia no sobe e desce serra em trilhos mal batidos na mata ou para servir de ambulância caso o problema da paciente exigisse deslocação. Para transportar as compras que fazia no retorno, não era, pois muitas vezes o vi chegando em casa com os sacos de mantimentos sobre o ombro vestido pelo paletó. Poderia ser para que o burro o conduzisse ao caminho de casa quando tomava uma carraspana na venda ou em algum velório ou festa de batizado ou outras a que era chamado pois esses convites eram uma maneira de retribuir os serviços prestados sempre de graça e, também porque todos gostavam de ter Manezim à mesa. Anedotas, boas histórias, tantos causos! Coisas que vivia e que lia em extensa biblioteca incomum para uma casa camponesa: Livros de plantas em várias línguas; compêndios de medicina; revistas atualizadas levadas por um filho que morava na cidade; enciclopédias; alguns romances; uma Bíblia e, bem velhinha, já sem uso, uma cartilha carcomida pelo tempo e pelas traças. Um copo de cerveja e dois dedos de conversa era o prazer só comparado ao de ver o pequeno cafezal florescer. Comer também era um prazer. Entre um turno e outro da capina, eram de duas a três horas à mesa onde reinava soberano o prato de caldo de feijão. A sesta tirada e, a enxada na mão outra vez. Enxada que manejava com a mesma destreza com que utilizava o seu bisturi, um canivete que trazia sempre afiado e que lancetava os nosos furúnculos, tirava os bernes do gado e, façanha maior, abriu o peito de um colono no portão do terreiro da casa para bombear a aorta. Daí, os dois dedos de prosa muitas vezes entrarem pela madrugada e a cerveja não ser uma só. Para ilustrar melhor seu Manezim, vou contar um caso:
A festa no arraial da fazenda vizinha ia animada. No terreiro, a sanfona não parava e os pares só largavam a dança quando a carne já estava no ponto. Muita comida e muita bebida. à varanda, Manezim Rodrigues sorvia uma cerveja com a calma que sempre o acompanhou, pois tinha tempo para tudo. Um gole, uma anedota. Outro gole, um causo. Eis que chega um rapaz esbaforido pedindo socorro, nervoso, agitado. “Seu Manezim, teve uma briga lá atrás. Seu Manezim, corre, meu irmão foi esfaqueado! Depressa!” Seu Manezim pegou um guardanapo de pano, entregou ao rapaz e disse:
- Vai lá e embebeda este pano no sangue e traz de volta.
Os poucos que não foram ver a confusão e ficaram na varanda, olhavam para ele impressionados  com tamanha calma e sem perceberem a intenção daquela atitude tão inusitada. O rapaz voltou, a correr, e lhe entregou o pano manchado. O senhor Manuel Rodrigues de Oliveira olhou bem o pano quase a cheirá-lo, pousou-o tranquilamente na mesa, pegou a caneca e disse, nas calmas:

- É sangue venoso. Há tempo para terminar esta cerveja.”

Desejo de mãe



Selecionado para fazer parte da antologia "Prêmio Nacional de Artes da Estância Turística de Tupã - 2014 4º Festival de Literatura"

Há muito que eu não me lembrava mais deste poema, porém o animador cultural, Paulo Nascimento, resgatou-o em encenações no Theatro Hélio Melo.

terça-feira, maio 21, 2013

Charadas


Uma INFUSÃO em PORTO ABRIGADO pede uma adivinha. (Uma e Duas)

TOMBO um homem. (Duas)

O CLORETO DE SÓDIO foi a MÁ SORTE do ditador. (Uma e Duas)

ESCRITOR italiano OFERECE um coito a quem matar esta charada. (Uma e Uma)

Não FOI só ESTA COISA que me fez como sou. (Uma e Duas)

Um LAÇO no CÍRIO conta uma história. (Uma e Duas)

AQUI tem POEIRA no TERRENO do galinheiro. (Uma, Uma e Duas)

GENITOR SAUDÁVEL do civil.(Uma e Duas)

A PARTE TRASEIRA da VERRUMA é GRANDE como uma fruta.(Uma, Duas, Duas)

O CHÁ espanhol de capim SANTO provoca excitação. (Uma e Uma)

HAVERÁ LAVATÓRIO para tratamento. (Duas e Duas)

ATESTE a PIMBADA portuguesa sem dor de cabeça. (Duas e Duas)

A ALGIA, A MIM, adormece. (Uma e Uma)

Em DOZE MESES, o VOGAL vai TRAMAR alguém ao fim do dia. (Duas, Um e Duas)

A BRANCURA de uma MULHER no amanhecer. (Duas e Duas)

A ONDA das NÁDEGAS de quem vive errante. (Duas e Duas)

O PRONOME do TUBO é uma ave e com o próprio em inglês repetido, também. (Uma e Duas) (Uma, Uma e Uma)

No VENTO ANDAVA e o NÉON iluminava a princesa. (Uma, Uma e Uma)


O PÁSSARO comeu a BOLACHA durante a oração. (Duas e Três)

A MALVADA ESCARNECIA da outra mulher. (Uma e Três)

O CORONEL ANDAVA atrás de uma mulher. (Uma e Três)

No OCEANO ANDAVA uma mulher. (Uma e Duas)

A BOLACHA da mulher. (Três)


AMARRA o LEITO no deserto. (Duas e Duas)

COISA MINEIRA viaja de comboio. (Uma)


De cima da TRAVE, DOU RISADA do padre. (Duas e Duas)


Uma SOCIEDADE ANÔNIMA SULCA o deserto. (Uma e Duas)

domingo, maio 19, 2013

Charadas familiares


A CIVILIZAÇÃO LAVRA a CIDADE de quem faz boa música. (Duas, Duas e Quatro. Com letra solta)

Uma SAUDAÇÃO SINCERA ao meu primogênito. (Duas e Duas)

No VENTO ANDAVA e o NÉON iluminava a mais linda. (Uma, Uma e Uma)

O QUE BATIZAVA tinha a PLANTA do bom filho. (Duas e Duas)

OLHA a IGREJA falada que ESTUDAVA a companheira de tantos anos. (Duas, Uma e Duas)

A NOTA MUSICAL ESTUDA a LETRA da grande amiga. (Uma, Uma e Duas. Com letra solta)

O PAI que é devoto da MÃE DE MARIA é meu maior amor. (Duas e Duas)

A REGRA EXISTE como SEDIMENTO da experta avó psicóloga.(Duas, Uma e Duas. Com letra solta)


SEGUIDOR DO HOMEM, tem PAU alemão e é amante de Bach. (Quatro e Uma)

A TENDÊNCIA do LÍDER MULÇUMANO, também CARPINTEIRO é ser meu irmão de aventuras. (Uma, Duas e Duas)


TÁS MALUCO, francês, por não ir ao BAR encantado português. (Três)

domingo, janeiro 20, 2013

Uma casa caliente


                                Para Andrea

Pelo vermelhão da Rua da Palha
Vê-se que ali calha o calor
Sem nenhum favor
É uma casa caliente
Caliente quente quentchura
De Olinda cultura
Cultivando o bem
Sem olhar a quem
Agregados, parentes
Abastados, indigentes
Da feliz Andrea
Somos todos carentes
Casa caliente
História caliente
Feijoadas e festas
Calientes
Não precisava o Sol do Nordeste
Ou o tom da fachada
Se basta

Mas para tanta
Festa caliente
A um canto calada
Alguém fornece as “geladas”
A sorrir de vez em quando
Pálida, cálida
Generosa menina
Bete Frígida
Que nem precisa de rima

             Olinda, Novembro de 2012

sexta-feira, dezembro 14, 2012

quinta-feira, novembro 29, 2012

Madame educada


Madame educada

Quando ela peida, ninguém sabe
Quando arrota, não se nota
Quando espirra, esconde bem
Tosse, tosse e não se sente
Mas, caro Alberto Pimenta
Quando ela goza...

segunda-feira, outubro 22, 2012

(Nas águas de Alice Ruiz)



O arbusto bonsai
Queria ser um soneto
Mas virou haikai

Costumes



Ser falso, é de artista
O que é mau
É ser mesmo moralista

APRESENTAÇÃO



Ora pois, sou português
Também sou português
Sem contar do bisavô
E da Língua Materna
Sou português do passado
Das coisas que me cercam
Da rua Cascais, na Penha Circular
Da praça Antero de Quental, no Leblon
Do Calouste Gulbenkien, na Praça Onze
Sou português das piadas… de português
Dos portugas das quitandas
Às dúzias por freguesia
Sou mais português
Que “seu” Manel motorista
Que torcia pelo Flamengo
Eu sou do Vasco da Gama
Mesmo usando o Tu erroneamente
E o Você sem cerimónia
Ainda assim, sou português
Não do o, pá! mas do ôpa!
Mulatas
Do Conto da Carochinha
De Camões, José Régio e Pessoa
Bocage, nem se fala
De Nara Leão cantando Grândola
Do bacalhau, só na Semana Santa
Do azeite, contado em gotas
E, do vinho, de ouvir falar
Não português trampolim europeu
Mas dos amigos
Tantos como tanto é o mar
Assim como acreano, suíço, africano
Chaplinianamente, do mundo, cidadão
Assim como brasileiro
Sou português do coração.