A observação tinha tudo para ser uma grande gafe, um imenso fora, um verdadeiro despropósito. Para mim não foi nada disso e até entendi manifestamente o sentido da frase inconveniente, o que me fez ganhar uns pontos com a madrasta distraída e perigosamente sincera. Conto como foi:
Fomos
visitar alguém que não me lembro quem. Já à chegada, na varanda, as flores que
denotavam cuidados e carinhos especiais chamaram a atenção da Yvonete que
juntou aos cumprimentos o elogio a uma planta em especial, se não me falha a memória,
um antúrio. “Até parece artificial...” disse ela, e concluiu com toda a
sinceridade “Daquelas de plástico.”.
Não
sendo eu o jardineiro responsável, nem a dona da planta, facilmente conjecturei.
As plantas artificiais não tem nenhuma falha, o que lhes dá uma aparência falsamente
real. Pensava eu que se fosse o fabricante as faria com alguns defeitos.
Hoje,
algumas já são feitas com algumas imperfeições que as tornam mais “naturais”. E ainda hoje, Eliana e eu, embevecidos que
estávamos com a florada das cerejeiras na serra, sempre vistas ao longe, na mata ou
nos quintais, corremos para tirar fotos junto a uma muito vistosa na calçada
defronte um restaurante. Muitas tentativas a procura de melhor ângulo no qual o
sol destacasse os róseos tons das delicadas pétalas. Um garçom se prontificou
em auxiliar a quem, imaginava ele, se tratasse de dois abobados turistas. O
polido garçom fez o clique que rapidamente iria para as redes sociais se não
fosse eu desconfiar de um sorriso monalísico deixado escapar por alguém.
Lembrei logo da Yvonete e fui conferir... Eliana, disse em surdina, não mostra
pra ninguém, não. É de plástico.
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