No ano de 1978, montei a peça teatral Pluft, O Fantasminha. Foi meu primeiro (e um dos poucos) que tinha como objetivo ganhar dinheiro. O Acre, àquela altura, era muito distante... Mas havia a consciência e o conhecimento de que, geralmente, dez por cento da bilheteria caberia a quem escreveu a obra, no caso, Maria Clara Machado. Parti para o Rio de Janeiro. Foram quinze dias de atoleiro em atoleiro na fatídica BR 364. Entrei no Teatro Tablado todo enlameado, o que fez a autora arregalar os olhos junto com um sorriso piedoso. Desenrolei o saco plástico sujo só por fora e entreguei a ela o cartaz que o Grupo Sacy, do Acre havia preparado com toda atenção. Ela adorou saber que tão longe na Amazônia cuidaram tão bem de um filho seu, dos mais queridos. A surpresa maior foi quando desenrolei o canudo de plástico menor com o Direito Autoral. Depois de ouvir a aventura que vivi para chegar ao Tablado, ela disse que não receberia. Abriu mão sem protocolos e orientou-me para que procurasse a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais para que outra dessa não acontecesse.
Resumo: Fiquei sendo o representante da SBAT para o Estado do Acre, onde o fazer teatral, predominantemente amador, não permitia muitas arrecadações, mas se beneficiava com outros atributos da Sociedade, como a procura de textos, liberação... e a Revista, que chegava regularmente sempre com artigos interessantes.
De representante passei a sócio, pois inventei de escrever também. Se paguei duas anuidades foi muito. Mas as peças que pus em guarda da Sociedade, lá ficaram guardadas e poderei resgatar até a que já havia dado por perdida.
Tantas voltas deu o Capitalismo e as estradas, que a SBAT e eu andamos mal das pernas. Ela precisando da anuidade dos sócios e eu precisando de 200 reais para pagar a minha anuidade. Sim, porque depois de todo aperreio que a Sociedade fundada por Chiquinha Gonzaga e outros intrépidos quixotes passou para resistir desde 1917 e ainda assim guarda as minhas coisas... É o mínimo que posso fazer. E seria bom que todos os sócios mantivessem em dia as anuidades. Mesmo que com todas essas novidades midiáticas (a SBAT também está se modernizando) não veja necessidade. É uma questão de carinho histórico.
Espero que pelo menos a maioria possa abrir mão de 200 reais anuais. Eu não os tenho consolidados, são muito esporádicos (ainda não vi a cara do Lobo Guará), mas, em conversa com a Eliana, tive a ideia de desenhar uma figura da Casa a cada ano e colocar à venda. O valor: o da anuidade (que por ora é 200).
O primeiro é este, a Chiquinha Gonzaga. (Atenção, não é a Regina Duarte. A atriz é que ficou muito parecida.)
Aceito sugestão para quem possa ser a figura retratada no próximo ano.
Sem comentários:
Enviar um comentário