Na minha primeira exposição individual (Viva Café), no Banacre, no ano de 1983, dois quadros foram adquiridos pela Secretaria de Indústria e Comércio do Estado do Acre. O secretário Adalberto Aragão escolheu justo os dois que eu mais gostava, o “Homem de Fumaça” e o “Lux in Tenebris”, dos quais eu não queria abrir mão e só aceitei a venda por se tratar de um órgão público e assim, quando eu quisesse mostrá-los, estariam sempre disponíveis. Quando fui apresentá-los à minha mãe que nos visitava vindo de longe, na parede só estava o “Homem de Fumaça”, o “Lux in Tenebris” tinha ido para as trevas. Procurei alguma luz e descobri que o Aragão quando se despediu da Secretaria para assumir a Prefeitura de Rio Branco o havia presenteado ao seu motorista, por quem, segundo o próprio funcionário, ele tinha grande estima. A contragosto, o motorista entregou-me o quadro. Sem saber o que fazer, fui ficando com ele e procurando exibi-lo sempre que possível. Nomeadamente, na coletiva de inauguração da AAPA (Associação dos Artistas Plásticos do Acre) e nas coletivas para a Noite Acreana no Circo Voador, no Rio de Janeiro e da inauguração do Parque Chico Mendes, em São Paulo. Acabei por levar a obra para Portugal, onde morei por vinte anos. Nas andanças, a cartolina sobre a qual está a pintura feita com café se danificou, mas nada que impedisse que fosse resgatada por minha filha Maiara, que lhe proporcionou uma moldura para proteção.
Eliana e sua irmã Isabel, não sem um tom de pilhéria, alertaram-me que o quadro não mais me pertence e que o certo seria devolvê-lo ao Estado. Pronto para a devolução.
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